Além disso, a campanha de Harris está utilizando as redes sociais de maneira estratégica, criando hashtags e lançando desafios virais para engajar ainda mais esses grupos. A presença frequente da candidata em eventos de cultura pop e colaborações com influenciadores digitais aumentam sua visibilidade entre eleitores jovens.
Você pode gostar de ler também: Cacofonia das Influências: Fandom e Ideologia na Era da Informação
Com isso, Harris espera reverter a tendência de abstenção eleitoral entre os mais jovens e mobilizar uma base de apoio leal e entusiasmada. Essa tática inovadora demonstra como a política moderna está se adaptando às novas dinâmicas sociais e culturais, dando voz a grupos que tradicionalmente eram marginalizados nos processos eleitorais.
Recentemente, um evento que combinou a cultura pop com política, chamado “Backstage with the Swifties”, destacou a interseção entre o fandom e o ativismo político. No entanto, não é apenas um jogo de popularidade. O fandom se tornou uma maneira de os eleitores expressarem suas identidades e valores mais profundos, que muitas vezes estão alinhados com políticas progressistas, como a defesa dos direitos reprodutivos e a proteção da comunidade LGBTQ+.
O envolvimento de celebridades na política não é novo, mas a maneira como os fãs agora se organizam em torno de questões políticas demonstra a evolução desse fenômeno. Em 2020, fãs de K-pop se organizaram contra Donald Trump, e em 2024, fandoms como os Swifties estão prontos para usar seu poder de mobilização para influenciar os resultados eleitorais.
Rumores sobre uma possível aparição de Beyoncé na Convenção Nacional Democrata, bem como o apoio implícito de Taylor Swift a Harris, mostram como a campanha está inteligentemente utilizando a cultura pop para conectar-se com eleitores. Esses movimentos não são apenas simbólicos; eles têm um impacto real na base eleitoral.
O papel das celebridades e seus fandoms na política contemporânea representa uma nova dinâmica, onde as paixões pessoais e políticas se entrelaçam. À medida que a campanha avança, será interessante ver até que ponto o fandom pode moldar os resultados das eleições e se essa tática inovadora poderá realmente colocar Kamala Harris na Casa Branca.
Estudos sobre fandom têm se expandido consideravelmente nas últimas décadas, abordando o impacto dos fãs na cultura popular, política e economia. Entre os principais autores, Henry Jenkins é fundamental com sua obra “Textual Poachers”, onde ele introduz o conceito de participatory culture (cultura participativa), que descreve como os fãs não são apenas consumidores passivos, mas também criadores e influenciadores ativos.
Outro conceito central é o de affective economies (economias afetivas), explorado por autores como Sarah Banet-Weiser e Matt Hills. Esse conceito se refere à maneira como as emoções e os vínculos pessoais entre fãs e suas paixões se transformam em formas de capital cultural e social.
Cornel Sandvoss, em sua obra “Fans: The Mirror of Consumption”, explora o fandom como um reflexo dos padrões de consumo contemporâneos, argumentando que o envolvimento dos fãs com seus objetos de adoração muitas vezes transcende o entretenimento e toca em aspectos de identidade pessoal.
Além disso, Jonathan Gray e Lynn Zubernis contribuem para o entendimento do fandom com ênfase na interseção entre o consumo de mídia e a expressão de identidade pessoal, destacando como o fandom se tornou uma plataforma de expressão política e social.
Esses conceitos ajudam a entender como os fandoms funcionam como comunidades que não apenas apoiam, mas também moldam o sucesso de fenômenos culturais, muitas vezes estendendo sua influência para arenas como a política, conforme visto no caso de Kamala Harris e os Swifties.
A interseção entre política e cultura pop tem sido evidente em vários exemplos históricos. Aqui estão alguns notáveis:
E por aqui, embora a gente tenha uma larga lista de cantores de comícios (quando isso era permitido) um paralelo atual tem a ver com o coach da montanha…o intragável Pablo Marçal.
Pablo Marçal, conhecido como um influenciador digital e empresário, entrou na corrida para o governo de São Paulo nas eleições de 2024. Marçal é uma figura polêmica, com uma base de seguidores leal que ele construiu principalmente através de suas redes sociais, onde promove suas ideias e negócios.
Recentemente, a campanha de Marçal sofreu um golpe significativo com a suspensão de suas contas nas principais plataformas de redes sociais, incluindo Instagram e Facebook. As suspensões ocorreram devido a denúncias de violação das políticas das plataformas, que incluíam a disseminação de desinformação e conteúdo considerado inapropriado ou violento. Essa suspensão dificultou sua comunicação direta com seus seguidores, o que afetou a estratégia de campanha, que dependia fortemente do engajamento nas redes sociais para mobilização e divulgação de suas propostas.
Marçal se manifestou publicamente contra as suspensões, alegando que se tratava de uma tentativa de silenciá-lo e impedir sua candidatura. Ele prometeu recorrer legalmente contra as decisões das plataformas, argumentando que houve uma violação de sua liberdade de expressão. Esse incidente também trouxe à tona discussões sobre o papel das redes sociais na política e como as empresas de tecnologia têm o poder de influenciar campanhas políticas ao controlar o acesso às plataformas.
A suspensão das redes sociais de Marçal teve um impacto direto na visibilidade de sua campanha e na capacidade de mobilizar seus eleitores. Sua campanha precisou adaptar-se rapidamente, utilizando outros meios de comunicação, como eventos presenciais e coligações com políticos locais, para manter o impulso eleitoral. Mesmo com esses desafios, Marçal continua a ter uma presença significativa entre seus seguidores mais fiéis, mas enfrenta dificuldades em expandir sua base de apoio em um cenário político competitivo como o de São Paulo.
A interseção entre fandoms e política está cada vez mais evidente nas eleições de 2024, onde candidatos como Kamala Harris e Pablo Marçal utilizam estratégias inovadoras para mobilizar suas bases. Harris capitaliza a paixão de fãs de ícones pop, enquanto Marçal, dependente das redes sociais para engajamento, enfrenta desafios após a suspensão de suas contas. Esses exemplos ilustram como a cultura pop e as plataformas digitais moldam as campanhas políticas, influenciando tanto o engajamento quanto a percepção pública dos candidatos.
Estudos sobre fandoms, como os de Henry Jenkins e Cornel Sandvoss, ajudam a entender o poder dessas comunidades em transcender o entretenimento, afetando identidades e decisões políticas. A suspensão das redes de Marçal levanta questões sobre o papel das plataformas na democracia e a capacidade dos candidatos de se conectarem com eleitores em um ambiente digital regulado.
Diante disso, é crucial discutir até que ponto as plataformas digitais devem intervir em campanhas políticas e como a cultura pop pode ser usada de forma ética na mobilização eleitoral. Como essas tendências influenciarão o futuro das eleições e a relação entre cultura e política? Vem comigo refletir sobre esses temas e seus impactos nas dinâmicas na política contemporânea?